sexta-feira, 3 de julho de 2009

Assim vai o nosso ambiente e o nosso património!


Não podemos deixar de ouvir considerações que se tecem na praça pública sobre a actuação dos nossos órgãos representativos a nível de poder local.
Algumas foram as obras que se fizeram de grande impacto, como o arranjo da Praça da Republica, a substituição da rede de distribuição da água e consequente repavimentação, também consequente estudo rodoviário com colocação de sinalização. Não falando nas grandes termas de sonho e outras mais, muito dinheiro se gastou em benefício da nossa terra. Bem-haja o esforço!
Não encarem este texto como só parte de uma critica destrutiva, ouvimos as pessoas no dia, participamos no debate e acreditem que há quem vos defenda. Estamos todos na vossa mão, porque temos a filha, filho ou genro que depende da "fábrica" Câmara, e ela não vai fechar tão depressa!
Façam as obras que fizerem, não conseguem mudar nada de substancial, não promoveram o emprego. Os nossos jovens continuam a ter que partir deixando cada vez mais definhado este concelho abandonado. Vão sempre arranjando tachinho alguns amiguinhos da linha dura desta ditadura Estalinista que de momento já controla quase tudo e todos. Quando muitos dos nossos jovens têm que emigrar para arranjar trabalho, ter um carrito, arrendar casa, constituir família. Muitos destes já conseguiram subir na vida, ter o trabalho nem que seja temporário, mal pago e a recibos verdes.
Alguns deles aparecem só na altura da época festiva, bem formados e qualificados. Basta ir aos bares existentes junto ao jardim nestas alturas, muito álcool jorra por estas alturas convivendo com os colegas de escola, embora alguns a trabalhar em qualquer coisa que dependa da Câmara, directa ou indirectamente! Planos de formação, associações geridas pelos amigos, etc. etc. Porque o afastamento dos pais é difícil, mas também o é daqueles com quem crescemos, na cumplicidade da descoberta, da partilha, de construção da personalidade.
De início começam por vir quase todos os meses, depois nas festas, no verão, e um dia já não fazem parte do nosso imaginário…
Qualquer obra que se fizesse na Praça da República seria boa, independentemente do que fosse. Parabéns finalmente.
Desgosta-nos a solução adoptada. Em primeiro lugar patrimónios não são só os aglomerados e prédios urbanos, também o são os jardins, mesmo as árvores! A tão emblemática “arvore da mentira” morreu, e quase todas as tílias, que pena! Onde nos escondíamos para dar o primeiro beijo perto dos pais na pastelaria jardim. Onde fumamos o tão mal fadado primeiro cigarro. A sua copa era enorme, chegava até ao chão, linda mesmo. O nosso jardim tinha cheiro, tinha peixes no “repuxo”, era enorme! Tinha buganvílias que se entrelaçavam nas grades de protecção e a ornamentavam em todo o seu comprimento do lado nascente. Estas já tinham muitos anos pois pareciam as latadas das parreiras, magnífico. Quanto brincamos naquele jardim, vinha o verão e com ele centenas de emigrantes, era o auge da vivência do jardim. Os moçoilos com fisgas de arame atiravam umas bolinhas que caíam das árvores ás moças de mini saia, as meninas “francesas”.
O nosso jardim também tinha muita vida na Páscoa, não só por ser uma época da família, mas porque passavam centenas de autocarros para a Serra da Estrela e era na praça que estacionavam os autocarros para dar inicio ao piquenique, á festa!
Nada disto foi tido em conta, faz-se uma obra sem pressupostos do cliente, sem o conhecer, sem dialogar, que bom exemplo nos dão os nossos representantes. Pior, e por birra muda-se a emblemática fonte contra um abaixo-assinado, a decorrer. Outra lacuna em como foi um projecto de brincadeira de estirador, brincando com o compasso tal menino na aula de desenho, algures bem longe de Nisa. É quando pretendemos atravessar de uma maneira rápida o jardim, tal não é possível. Não houve estudo da saída das ruas para o jardim, foi pensado no que estava a dar, uma pequena expo das muitas que se têm feito pelo País. A quantidade de candeeiros plantados nas superfícies bem impermeabilizadas junto com os sinais enterrados já com bom porte parecem crescer na paisagem da linda praça tal e qual centro urbano de muito tráfego.
A destruição do jardim público de Nisa, continua a ser um crime sem castigo. O povo tem memória e um dia vai despertar...
Gema


Sim é um atentado ao nosso património, mais é o matar de uma estrutura que nos era bonita e de si bem sombreada, era um pulmão, sim era o conjugar de uma identidade, era o juntar de muitas gerações distinta na convivência, também era um ponto de referência um espaço de lazer era a pérola da nossa vila.

Mas ouve alguém que metesse a sua cabecinha a funciona e pensasse! Do tipo o encarregado pró empregado:

Olha lá então e se eu metesse ali uma brita e umas pedrinhas depois tapas isso com massa para que miguem veia.

O empregado pró patrão ouça lá isto é capas de não ficar bem depois como vai a arvore beber sem terra para comer.

Diz o chefe: faz lá o que eu te mando não te ponhas com ideias, então o desenhador é parvo, nem lhe fales nisso para não seres despedido.

Empregado: Veja lá bem, que é capas de ser preciso nem mexer na árvore, pergunte lá ao engenheiro se podemos fazer isso um metro mais ao lado.

Patrão: olha lá tas aqui para trabalhar ou para falar, faz o que eu te mando e mais nada, arranca isso tudo que temos que meter ai a brita e fazer as pares antes de sexta-feira.

Pois então assim foi como aconteceu, agora está a vista o resultado, um extremismo ambiental em larga escala, com uma execução desconhecedora de qualquer ambientalismo.

Um culminar de assassínios tão brutais que nos tirara 78,2% da mancha verde que tínhamos no coração da vila, a devastação ambiental feita sem escrúpulos pelos espertos da construção, industrial.

O gigante crime feito por paus mandados, remetidos a trabalhar sem poder reclamar de uma coisa que pode não ser bem feito daquela maneira como foi, porque eu andei lá mas nem sequer tinha voto na matéria pois alem disso foi do lado oposto ao que já tinha acontecido, quem manda é que é o culpado, porque é outro pau mandado só faz o que está no desenho sem se preocupar com o que está a fazer, o chefe quer é acabar a obra dentro do prazo, e receber os louvores pela obra feita.

O resto é musica já sei quem devia de dar a cara agora assumir as culpas, talvez a máquina que ali andou mas agora eram umas poucas de máquinas os maquinistas nunca eram os mesmos, tinha que tirar o numero de série e processa-la


E pronto!
No dia 18 de Setembro de 2008, quinta-feira, quatro dias antes do começo do Outono, chegaram uns homens ao Jardim Camarário de Nisa e retiraram dali cerca de duas dezenas de esqueletos de tílias ali assassinadas.
Não ficou lápide a evocar o facto para a posteridade, como, ultimamente, é norma. O acto não foi digno nem respeitável e deve ser esquecido.
Antigamente, era pelos Finados que os irmãos das Misericórdias retiravam das forcas o que restava dos ali justiçados ao longo do ano. Mas, curiosamente, aqui as inocentes árvores foram condenadas, não pelos seus crimes, que, aliás, não cometeram, mas pelos dos outros.
À carcaça da Árvore das Mentiras deceparam-lhe os braços e deixaram-lhes os cotos erguidos aos céus - Uma mensagem a mostrar a força do poder e/ou uma vã esperança que algo ali renasça, ou, mas impensadamente, uma alegoria ao martírio, à revolta e ao atentado ao ambiente?
Talvez, pelo Natal, a lenha/ossos sejam doados para que neste Inverno aqueçam os corações inconformados daqueles que amorosamente mentiram à sombra de um dos ex-líbris de Nisa!
Talvez, um dia, cheguem uns artesãos estrangeiros para esculpirem, para os da terra verem, os esbranquiçados cotos que passarão a ouvir desabafos verdadeiros, em surdina, e, em alta voz, outro tipo de mentiras!
Na Primavera os ares não serão perfumados, as abelhas não zumbirão, mas o sol não faltará!
E até um trabalho de investigação da nossa autoria (1993) onde, em texto, fotografias, desenhos, plantas topográficas …, se mostrava a evolução daquele espaço, o antigo Jardim Municipal de Nisa e se localizavam as diferentes espécies vegetais, algumas das quais hoje desaparecidas, desapareceu da Biblioteca Municipal de Nisa.
E a Fonte, que era do Rossio, jaz escondida!
E, agora, já estão a pensar, para actuar, que o monumento ao Dr. Francisco da Graça Miguéns está desenquadrado?
ExpoNisa chamou um guineense, que trabalhava na feitura da cascata, a todos aqueles (des)arranjos. Tinha razão?
E para que conste para a história, a fotografia, que ilustra o texto, datada de Setembro de 1993, contempla a Árvore das Mentiras e o monumento ao Dr. Francisco da Graça Miguéns.

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